Os pais se vêem de coração partido: Escolheram a escola, arrumaram tudo, compraram mochila cara, material escolar e a criança não quer ir.
Esse momento tão difícil e delicado aos pais é mais comum do que se imagina. Vários são os fatores que desestabilizam a criança e fazem surgir as lágrimas, desde a separação da família à construção da confiança em um novo ambiente.
As crianças em geral gostam e se identificam com o ambiente escolar, mas não estão acostumadas com a ideia de se separarem da família. Essa separação é sempre difícil tanto para a família como para a criança.
O mais importante neste momento é: ser firme e seguro com seu filho.
Se você demonstrar insegurança, a criança sentirá, dificultando o processo de adaptação.
Temos a falsa convicção de que as crianças são tão pequenas e que não perceberão a nossa insegurança. Mas são mais espertos do que imaginamos e a cada instabilidade que os pais sentem, elas sentem junto e se desestabilizam. Da mesma forma, se os pais passarem segurança, se sentirão seguros.
Muitos pais pensam que é melhor então ficar com a criança na escola. Entretanto, o que a criança precisa é criar vínculo com a nova professora. Se os pais ficam junto a professora não consegue estabelecer esse vínculo.
Quando os pais saem a professora consegue estabelecer um vínculo com a criança, mesmo que seja para confortar com um colo, um carinho. Assim, gradativamente a criança vai estabelecendo laços e confiança na professora.
Um ponto muito importante é sempre falar para a criança que "a mamãe vai e a mamãe volta". Nem sempre o que passa na cabeça da criança é sensação de abandono, mas de não ter os pais sob as vistas pela primeira vez na vida, como se assim eles "deixassem de existir". É importante salientar com a criança que sempre "a mamãe já volta". Uma dinâmica interessante é brincar com a criança de jogar a bola na parede "a bola vai e a bola volta. Assim como a mamãe vai e volta sempre."
Esse estranhamento à novidade que é a escola é muito comum. Todos nós estranhamos mudanças. Se hoje seu chefe chegar e dizer "Á partir de amanhã você irá trabalhar na nossa filial em outra cidade", como você se sentiria? A maioria das pessoas estaria insegura, com medo do novo. Isso é comum à todos nós e assim também é com as crianças.
Como muitos pais levam as crianças à parquinhos, às vezes elas vêm acreditando que se trata de uma realidade que já conhecem (parquinho), mas quando percebem que se trata de um ambiente em que os pais não ficam, ou que há regras, normas de convivência, "suas fichas caem" e vem o estranhamento.
Assim como seu chefe não teria lhe enviado para trabalhar num local em que você não se sairia bem, é importante que os pais tenham a confiança que as crianças estarão bem na escola. Confiar na escola é essencial. A maior parte das crianças não chora porque aconteceu algo, ou porque alguém "brigou", mas porque está se sentindo insegura no novo ambiente. A confiança dos pais em que a escola está fazendo o melhor para seu filho é essencial!
Mas, meu filho fica chorando o dia inteiro?
Não!
A maior parte das crianças chora no momento em que os pais deixam, depois, com o colo e o carinho da professora vão se acalmando. No caso de a criança não parar em no máximo 20 minutos o correto é que a escola comunique aos pais e juntos avaliem bem o perfil da criança para decidir se já é hora de ir para casa e deixar mais para o próximo dia.
A criança não tem noção de tempo. Não sabe se está ficando 5 horas ou 30 minutos. Portanto, os pais podem buscá-la com antecedência para não forçar nos primeiros dias e assim vai estendendo o horário aos poucos.
Mais do que as horas, o que faz diferença na adaptação é a frequencia! Se a criança chorar e os pais a levarem para casa, ou se nem trouxerem, é certo que no dia seguinte chorará mais. Já se os pais a trouxerem para a escola e deixarem, que sejam 20 minutos, irão se adaptar gradativamente e o choro diminuirá aos poucos.
Para passar pelo período de adaptação os pais precisam ter:
- PACIÊNCIA;
- PERSISTÊNCIA;
- ACREDITAR QUE VAI DAR CERTO.
Cada criança terá seu tempo e seu ritmo. Todas se adaptam ao ambiente escolar, é preciso respeitar o tempo delas e, com firmeza e segurança, trazê-las diariamente para a escola.
Texto elaborado pela Coordenadora do C.E.D., Camila Almeida; Pedagoga e Mestre em Educação.
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